quinta-feira, 11 de junho de 2009

meu presente

tem um pouco de passado
e uma esperança de futuro

segunda-feira, 1 de junho de 2009

O decote

Ele olhava fixamente, não conseguia compreender como aquele decote o facinava tanto. Já havia passado tantos outros na sua vida, uns até mais decotados, escondendo menos, não entendia como aquele podia prender tanto sua atenção.
Talvez fosse o fato de não ter acesso direto, o receio de chegar perto, a impossibilidade de tocar. Ou quem sabe a perda das palavras, os olhares se cruzando, aquele frio na barriga, o medo de se aproximar.
O perfume de cigarro que tomava conta do ambiente o sufocava mais ainda quando ela desfilava na sua frente. Era incrível. Ela tomava conta da sua respiração sem nada dizer. Ela conseguia deixá-lo viciado naquele perfume sufocador.
O vestido refletia um pouco a iluminação fosca do local, era um amarelo quase chegando no dourado, e percebia-se a textura sedosa pelos movimentos que fazia ao passar. E ele, com seu copo de vinho na mão não conseguia retirar os olhos daquele decote.
Ela já sabia. Ele já sabia. Ela o provocava. Ele não tinha reações, estava completamente dominado pelo decote. Sem saber o que fazer, foi ao bar servir-se de mais vinho e voltou para admirar o decote enquanto podia.