domingo, 22 de novembro de 2009

Saudades de quando a lua era admirada...

Lá estava Dorinha, 1 metro e 58, 200 ml de silicone em cada peito escondidos atrás do uniforme preto de trabalho, o qual gravava seu nome em branco - Dora.
Dorinha trabalhava naquele consultório fazia quase 9 anos, creio que a mesma idade de seu filho, menino insuportável que a importunava no telefone exigindo o que queria que ela levasse pro jantar. O dia de Dorinha se resumia em recolher digitais, agendar consultas e cirurgias, dar dicas de onde comprar o soutien adequado, e é lógico, não podia faltar, a propaganda do produto, quando ela desabotoava o decote e mostrava o resultado dos 200 ml. Essa era a hora em que eu e minha mulher delirávamos: ela com a naturalidade do produto, eu com o ... o produto!

O que minha esposa não sabia, é que de fato eu já conhecia bem aquele produto, já havia testado algumas vezes o caimento, a naturalidade, a discrição da cicatriz e o resto que acompanhava Dorinha. Desde a primeira consulta agendada, os olhares de Dorinha tinham sido bem diretos, e o cartão que ela me passara enquanto minha mulher estava sendo atendida deixava bem claro seus interesses. Eu, como homem que sou, e não nego quando dizem que a carne é fraca, não hesitei em ligar na primeira oportunidade que tive. Ao me atender, confesso que gastei alguns minutos para explicar quem eu era, o que me levou a crer que devia ser costume dela se relacionar com maridos de clientes, detalhe este, que não influenciava em nada o desejo que eu guardava. Desejo que foi matado e ressurgido algumas vezes no correr de um mês de julho.

Na semana passada, estava conversando com o Jura, rapaz novo que trabalha comigo, casado, mas que sempre dá a entender que fidelidade não faz parte do seu relacionamento. Era um desses dias, que a gente não sabe como, mas que a consciência pesa, e o escolhi, nem um pouco aleatoriamente, para uma dessas conversas de homem. Ele ia me contando da sua mulher de uma forma que ela parecia incrível, sedutora, inteligente, tranqüila, como ele nunca transpareceu que ela fosse. Pelo contrário, devido aos inúmeros relatos de traições, eu acreditava que ele não sentisse nem um tipo de atração por ela, e ainda me perguntava o que ele ainda fazia casado. Enquanto Jura enumerava as infinitas qualidades de sua esposa, resolvi interrompê-lo e perguntar se ele realmente a traía, ou se era apenas conversa. Com um olhar meio assustado, respondeu que não a traía, porque a amava, sentimento esse que nenhuma das demais mulheres com quem costumava dormir havia despertado nele. Explicou-me então que as outras satisfaziam seus desejos sexuais, mas que nenhuma desbancava a mulher dele em nenhum quesito, e para completar, me olhou com uma cara ainda mais assustada e me perguntou se eu não tinha outras além da minha mulher. Fiquei meio desconjuntado, e assenti com a cabeça, o modo que ele pensava realmente fazia sentido, e de certa forma me tranqüilizava, mas ainda me perguntava quanto à justiça e às promessas do altar. Eu ainda a amava, ainda queria permanecer com ela na doença, na tristeza, na pobreza... passam-se os anos, passam-se Dorinhas, e ainda amo minha mulher... e juro, nunca a traí!