sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Quand je pense à Fernande

Essa noite, ao invés de ler, resolvi escrever.
Assim como ressurgiu o sol, também retornou o passarinho de peito amarelo, ambos, em uma harmonia perfeita, me acordaram nessa manhã invadindo a janela com bicadas de luz. O céu azul não indicava calor, e como há dias não fazia sol, tive que recorrer ao chuveiro elétrico para tomar um banho quente. Como é comum de todas as manhãs, lavei meu cabelo e me atrasei para a aula. Esta é de fato uma matéria que me dá prazer de levantar cedo, aprender sobre cultura e civilização francesa ouvindo musicas consegue me tirar da cama todas as sextas seis e meia da madrugada. E hoje, ainda descobri que existe uma música francesa com meu nome, pena que a letra é bem pornográfica. Era um dia comum, com sol, e comum. Saí direto da aula com intenções de chegar cedo ao trabalho para terminar de preparar aulas e almoçar com os colegas. Depois de algumas ultrapassagens, de utilizar o atalho que aprendi - perfeito! em 21 minutos eu estava nos arredores da Receita. Agora a meta era arrumar uma vaga. O carro trás várias vantagens pra nós (frase de supermercado, como diz uma amiga), mas a grande dificuldade está em arrumar um lugar seguro, perto, barato e que o caiba para estacionar. Demorei 20 minutos para atravessar a cidade e mais 20 para arrumar uma vaga. Incrível como todas as pessoas saem de carro na sexta-feira! Finalmente uma vaga – na rua mais íngreme do bairro vizinho, uns 7 minutos de caminhada para o trabalho, e eu ainda teria pelo menos meu horário de almoço. Entrei com a frente do carro, era só uma ré pra acertar a traseira e... pronto! O carro não subia, eu engatava a ré, puxava o freio de mão, acelerava, soltava o freio de mão, e nada! O carro só descia e quase acertava o da frente, não era possível, o carro gritava, abaixa freio de mão, levanta freio de mão, acelera acelera acelera, deve ser uma pedra pensei. Desci, rodeie o carro, não havia pedra, mas tinha um desnível na pista bem onde se encontrava a roda do co-piloto. Não saio daqui – o que fazer? Quem recorrer? Reboque? Um tanto quanto ridículo – talvez parar alguém na rua – mais ridículo (a básica mulher barbeira dando as caras) liguei pro melhor motorista que conheço: meu pai. Em outros 20 minutos ele estava lá, olhou, olhou de novo, e constatou que o carro precisava de peso pra roda encostar-se no chão e gerar atrito pra subir, simples assim ele tirou o carro, arrumou uma vaga milagrosa na rua de baixo e ainda me deu carona até a porta do trabalho. Não tinha mais tempo pra almoço nem para adiantar trabalho em alguns minutos, a sala de reunião já estava com todos os seus cinco lugares ocupados para eu dar início a aula, que como de costume passou bem rápida. Sem surpresas, a última sexta do mês estava impossível! Os contribuintes faziam fila no hall de entrada e eu não tinha tempo nem pra respirar quanto mais pra almoçar. Às 16 horas, meu chefe e mais uns colegas me levaram pra lanchar, na minha dieta, nada cairia melhor que um cachorro quente! Tentei pedir pelo menos o menos engordativo, já que o sentimento de culpa por ter faltado a academia ontem só aumentava. Um hot-dog natural com salsicha de frango, rúcula, tomate e pimentão foi a pedida, acompanhado é claro de um suco sem doce de abacaxi com hortelã. Ainda na fila um colega brincou com uma joaninha no meu cabelo, não acreditei, mas por reflexo passei a mão e ela caiu na minha blusa como um broche. E nela ficou passeando, lembrei então de algumas semanas atrás, quando trouxe um amigo aqui pra casa pra tomar sol e vimos uma joaninha na janela do meu quarto. Depois de várias tentativas de fazer com que a joaninha subisse em nós, ela voou no sentido contrário. Hoje foi diferente, ela pousou, passeou, passeou tanto que já bastava, era hora de sair, peguei com a mão e ela passeava, subia dedo, descia dedo, eu balançava a mão e ela lá, sacudi bem forte e então ela voou em direção à Contorno. Será que joguei a sorte fora? Ou bastou ela pousar? Bom, sei que o cachorro quente demorou muito, e aquele assunto de trabalho era extremamente entediante. Chegou, comi, voltei ao trabalho, coloquei as coisas em ordem para segunda de manhã e me vi na longa caminhada até o meu carro. Depois de um pouco de engarrafamento, como acontece todos os dias por volta das seis da tarde, estacionei num pequeno shopping em frente à faculdade onde fica o consultório de depilação a laser. Hoje era dia de buço e axila, estava marcada às 18:10, e tive que aguardar até 18:40. Não costumo ficar muito ansiosa, mas como na segunda feira eu tinha sentido muita dor depilando a virilha, sabia que meu corpo estava sensível e que gritaria bem alto hoje, os gritos foram engolidos, é claro, e a dor permaneceu como eu esperava, antes tivesse sido menor. Como atrasou a sessão, saí sete horas, na hora da aula, e me vejo caminhando com uma vermelhidão sobre os lábios, bem discreta, daquelas que só não vê quem é míope e não sabe que é ou quem esqueceu a lente em casa. 19 horas e a melhor matéria do mundo, pronta para jogos de forca, da velha e outras variações para passar 100 minutos de economia internacional. Um filme sobre homens-bombas no segundo horário cujo final ficou para segunda, e nada como pegar meu carro, chegar em casa, colocar um pijama bem quentinho, arrumar meu ninho, deitar e escrever...

3 comentários:

  1. não é nada frase de supermercado. Eu amo a maneira como você põe as palavras na tela. O texto ficou lindo.

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  2. Adoro a maneira como escreves. É muito gostoso de ler. Pena que não é todos os dias. Adoro visitar teu blog. E adoro que visites o meu. :D

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  3. entrei no seu blog, atrasada, só pra ver se tinha novidade. fazia tempo que nao entrava. resultado: nem vi o tempo passar, tive vontade de ler o texto até o último ponto.
    saudade dessa rotina-mega-corrida-da-nanda-que-não-para!

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